Vestível Dialógico - versão final

Por motivo de força maior (mandei um e-mail aos professores explicando) não consegui testar o uso do objeto entre indivíduos e gravar o vídeo da interação. No entanto, consegui elaborar a versão final e falarei um pouco sobre como eu imagino que ele seria usado.

Na última aula, quando falaram em "arquitetura hostil" eu tive uma ideia: fazer um objeto "hostil ao espaço" e aos "outros". Como assim, Raquel? Bom, o design do meu vestível meio que força as pessoas que o utilizam a ficarem extremamente juntas e em sintonia, ao mesmo tempo em que os "palitos" (que na realidade são canudos de papel) nas bordas da bandeja impedem que elas se desloquem muito pelo espaço (passar por uma porta é basicamente impossível) ou que alguém "de fora" se aproxime demais. É como se os que vestem estivessem "em seu mundinho", onde tudo depende dos dois em conjunto e eles não conseguem chegar muito perto de nada nem ninguém além de seu parceiro. Mesmo que cada um olhe para um lado, a proximidade e a limitação causada pela dimensão do objeto são tão grandes que os participantes são compelidos a agir como um.

Obs.: minha mãe disse que é tão "hostil ao espaço" que é até difícil de guardar... e é mesmo! É como se o objeto não encaixasse em lugar nenhum a não ser sobre os ombros de duas pessoas, a única área que encontrei para abrigá-lo foi bem no meio do chão do meu quarto.


Atualizarei a postagem com o vídeo quando for possível.

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Atualização: consegui gravar e editar o vídeo! (ele está neste link do Google Drive e também completei lá nos slides)

O teste foi uma experiência muito legal. O objeto acabou tendo o efeito que eu esperava: foi como se eu e minha mãe ficássemos no "nosso mundinho". Quando uma de frente pra outra, eu quase nem enxergava nada além do rosto dela, e quando tentávamos nos mover pelo espaço minha preocupação com cada movimento era enorme, pois deveríamos estar em sincronia - é necessário um intenso "trabalho em equipe" para se locomover no ambiente. Nos divertimos bastante, a proximidade corporal nos faz rir e brincar uns com os outros enquanto a dimensão espacial do vestível cria desafios interessantes para a locomoção que nos fazem colaborar e planejar nossos passos, além de ficarmos mais conscientes das formas do espaço e do nosso corpo. Adorei o sentimento de descontração que foi criado - minha mãe ficou extremamente entretida tentando me agarrar e me abraçar o tempo todo!

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