Flusser - Nossas imagens

O texto conseguiu me confundir mais do que o vídeo da palestra. Muito mais. Me fez inclusive pensar que não concordo com Flusser, pois a tese dele passou,  no meu ponto de vista, de ser "algo muito abstrato e portanto difícil de entender" para um conceito basicamente irreal.

Sei que o objetivo era que nesse post fossem discutidas as questões levantadas anteriormente sob uma nova luz, mas a realidade é que "Nossas imagens" não me ajudou nada a compreender minhas dúvidas. Só gerou mais perguntas. Quando Flusser descreve os aparelhos como “caixas que devoram a história e vomitam pós-história”, parece que eles são “monstros” que modificam a imagem de maneira alheia ao homem, como se não pudéssemos controlar o que eles capturam e mostram, como se não fosse o ser humano que os programasse… achei esquisito. Mas quem faz o texto que programa as tecnologias não somos nós? E os textos escritos não são “programados” de certa forma também quando o autor seleciona aquilo que quer contar e aquilo que quer deixar de fora?


Flusser fala de uma época de “início da história” na qual os textos eram “des-alienantes” e “desmistificadores da imagem". Ele afirma que depois desse certo tempo os registros passam a “obedecer à sua dinâmica interna, que é a linearidade do discurso” ao transmitir mensagens “inimagináveis”, a exemplo das ideologias políticas. Não consigo compreender essa concepção.  Mas não existiam ideologias políticas muito antes disso? Até um certo ponto na trajetória da humanidade os textos tinham a “inocente" função de "orientar o homem pelo mundo"? Para mim eles sempre foram carregados de intenções… A pura escolha de palavras para dizer algo já influencia aquilo que está escrito.

“O aparelho se tornou a meta da história” - isso eu entendi. Compreendo que as imagens geradas tecnologicamente se tornaram uma espécie de "motor" para os acontecimentos, que os aparelhos "sugam" e "provocam" eventos simultaneamente, mas entendo isso como uma questão de difusão intensa e acesso generalizado ao conteúdo. Não entendi a explicação de "transcodar sintomas em imagens através de textos"... 

É constatado que "As imagens tradicionais são produzidas por homens, as tecnoimagens por aparelhos". Entendo que quem realiza a captura efetiva da cena é a máquina, mas quem escolhe o que capturar é o fotógrafo. Ele, além de determinar o ângulo, ainda pode editar e cortar a captura como bem entender. A câmera fotográfica, ao meu ver, seria uma ferramenta, assim como o pincel - algo usado pelo ser humano para representar o que ele quer da realidade (ou da imaginação), só que agora com mais possibilidades.

Bom, quem sou eu pra discordar de alguém com conhecimento infinitamente maior que o meu... Mas, mesmo se Flusser estiver certo, achei as ideias dele pouco inteligíveis para uma mera mortal como eu kkkkkk a teoria poderia, na minha opinião, ter sido elucidada de maneira mais clara.


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