Cartaz Animado
Minha primeira ideia foi fazer a animação letra por letra, como se o computador da imagem estivesse “digitando sozinho as palavras que aparecem no monitor dele”, mas eu percebi que não importa o efeito que eu colocasse nunca parecia que o escrito estava NO monitor de maneira natural, mas sim SOBRE ele. Não dava a impressão de que a máquina da foto estava gerando os caracteres, mas sim alguém digitando por cima de uma figura. E foi pensando nisso que.. plim! Do nada acendeu uma lâmpada na minha cabeça e eu pensei: é isso! Eu QUERO que as pessoas notem que tem alguém editando o cartaz!
Como Flusser fala sobre a imagem digital e sua manipulação devido às tecnologias, meu objetivo foi fazer uma obra que se mostra, de início, estática, mas que depois surpreende o espectador quando aparece um mouse editando os componentes. Imaginei alguém olhando e pensando consigo mesmo: “Ó! É mesmo! Alguém fez e moldou esse cartaz em um computador!”, porque às vezes esquecemos que toda informação que vêm pra gente em pôsteres passa por um processo de design.
Outro aspecto que fez parte da minha composição foi uma escolha de fontes específica, que vai além da “beleza”. Eu queria incorporar o que vi no documentário Helvetica e não só usar qualquer fonte que combinasse com a imagem, mas sim uma que tivesse significado e fizesse parte da composição integralmente, contribuindo para a sua mensagem.
Por isso, para o escrito verde eu usei a OCR-A, desenvolvida em 1968 pela American Type Founders. Optical Character Recognition é o mecanismo pelo qual uma máquina como um computador reconhece caracteres e os converte em informação digital que pode ser armazenada, e a OCR-A foi a pioneira dessa tecnologia. Todas as letras da fonte são completamente distintas umas das outras - para que os aparelhos primitivos não as confundissem e cometessem erros - enquanto não deixam de ser reconhecíveis como letras convencionais para o olho humano. Ela ainda é empregada, por exemplo, nos números de passaporte. Já para as informações do local e data escolhi a Verdana. Criada especificamente para resolver o desafio do “on-screen display”, foi desenvolvida pela Microsoft Corporation com uma grande largura e generoso espaçamento entre os caracteres com o objetivo de aperfeiçoar a legibilidade da fonte na tela.
-> Tirei a maioria das informações que me inspiraram deste artigo sobre uma breve história das fontes digitais, vale à pena dar uma lida para quem sabe inglês: https://99designs.com.br/blog/design-history-movements/history-of-digital-fonts/
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